domingo, 18 de janeiro de 2009

AS PÉTALAS DA VIDA

Acaricio os teus dedos longos suspensos

sobre mármore Carrara. A emoção do simples

contacto, o fascínio das cores refractados no

cristal líquido dos teus olhos húmidos,

perduram ainda, cobrindo de matizes

a face oculta das pétalas da vida.


Os palácios Cibele - são uma invenção

dos bárbaros, pois neles as pessoas

estão irremediavelmente longe umas das

outras, os candelabros apenas tingindo

de opacidade e ilusão.


De futuro, sempre aparecerás vestida

de orquídea, os olhos marejados

de verde, o corpo entreaberto, a

tensão serena das mãos e do rosto.



Foto e poema: apm

8 comentários:

**Viver a Alma** disse...

olá...
são 2.42h de domingo estou a comer uvas congeladas - sorvete natural - porque o organismo pede e eu sigo-o...costumo ouvi-lo.
Neste poema ficou-me o cenário do palácio.
sempre gostei de palácios...podemos correr á vontade sem tropeçar nos móveis. O contrário disto, foi ter escorregado num tapete e estampei-me direitinha no chão. Doeu-me tanto o pé que fiquei ali a chorar, sem que ninguém me ouvisse...apenas os cães olhavam fixos para mim, sem saber o que fazer.
A custo lá me levantei, limpei as lágrimas e tentei colocar-me de pé a custo, porque a panela ao lume cheirava a queimado e não fosse haver um incêndio... - activei a coragem, despeguei-me do mimo e a pieguice e a cochear sanei o previsível acidente.
Escusado será dizer que já não jantei. Fui isso sim, directa ao frigorífico buscar gelo para colocar na zona aectada, porque vai ficar pior dentro de pouco tempo - negro, claro.
Não! Não estou de vigilia agora a esta hora, esperando que o pé fique pior...mas para acabar a digestão porque iniciei-a ás 00h. Para descofar a atenção da dor, fui ler umas coisas em atraso e daí as uvas...substituindo as pipocas....doces!
Mas já me esquecia dos palácios...
neste caso concreto também ninguém me ouviria, porque eu não berro - digo, ai...ai...ai...baixinho! - mas teria o inconveniente de ser obrigada a gatinhar...os móveis neste caso, fariam falta para me equilibrar melhor.
Quanto aos candelabros?!...o que eu gosto de candelabros os as imitações que finge que ardem mas nunca se esgotam...nem choram...sim, porque as velas choram! iluminariam todos os ambientes onde o meu ambiente interno se espraiasse pelo externo e desprendesse nessa comunhão se si - esta imagem é bem á imagem da minha Casa - não esta, ondeme encontro - mas a Original.
Faltariam flores, muitas, e o inevitável cheiro a incenso, passeando pela vibração de alguns mantras para que a pureza respirasse melhor. Nada portanto, onde se transpire "opacidade e ilusão"...essa distância não existe, porque a intimidade que em nós se fabrica segundo a segundo não é passível de ser passada para qualquer lado mais "sombrio", ou "fosco".

Os palácios serviam ou ainda servem - noutras dimensões - para albergar, sobretudo proteger reis, rainhas, princesas, principes e demais corte...mas, também aqueles - os do povo - que lhes eram féis e até...os traidores - que continuam connosco...internamente...os inimigos da REALEZA que nos reveste. Serviam-se dessa amizade, dessa benesse que era a de estar paredes meias com quem estava no trono, apenas para distorcer e profanar com intentos vis quem, por direito e/ou herança governava - infidelidades levadas ao extremo - Ao extremo também era/é levado o amor por eles: morrer por QUEM É MAIS ALTO E TEM PODER, reconhecido, em consciência pelo Bem que pratica/va.
Parece Excalibur!Ou as Brumas de Avalon! Ou EU,(mi(m)Maior) ou ARLNDO(si Maior) ou outros bem reais...talvez como Cibele, que me parece pura...
caso não, não se mostraria "tensa"...com o devir.(?!)

Grata por me permitir divagar...e como "di-vagar" se vai ao longe...agora, já vou domir.

Até...
á nova Cibele
na seda da sua(dela) composição ou ilusão.

Mariz

**Viver a Alma** disse...

errata: O que gosto de candelabros "e de velas"...(faltou escrever isso)
mas as ouras gralhas..peço desculpamas o teclado está como o meu pé: doente.

Fique bem
Mariz

arfemo disse...

Olá Mariz!
Que bom esta conversa (aparentemente) solta a propósito das pequenas e grandes coisas (o texto ocultando, no que revela, um quotidiano, mesmo que efémero, com mais ou menos gelo ou óleo de linhaça...).
De resto, finalmente, juntei-me ao comum dos mortais na partilha
de uma gripe ou da sua aparência (esperar para ver). O que me diminui alguns dos sentidos, como o olfacto essencial para distinguir os perfumes agrestes dos florais. Bebo um chá quentinho que retempera o espírito (e mal não há-de fazer à moléstia).
Boas melhoras... e até breve...
arlindo

mariam [Maria Martins] disse...

Arlindo,

muito bonito!o poema.
vim dizer um olá à fantástica Cibele, d'alva pele e de orquídeas vestida :)
pois...e ainda por cima mora em "palácios"... às vezes desejava ter uma casa enoorrrrme com imensos armários e ainda mais estantes e prateleiras onde arrumar como devia ser os livros que se vão amontoando, de lado, em pilha...(não por serem demais mas porque o espaço não é muito!rsrsrs
pois, mas acho que ainda assim prefiro o meu "palácio" mais pequenino e intimista...em certos dias com aroma a jasmim, morango... enfim, velas de cheiro! :)

boa semana
abraços e um sorriso :)
mariam

**Viver a Alma** disse...

Q'hooooorror!Mas é tanto erro e tanta repetição de palavras, que me apetece tingir a cara de vergonha! Nem uma estagiária da nova vaga de "jornalistas" escreveria tão mal.
Mas sempre me irrita estes quadradinhos minúsculos...e ainda porque o meu teclado está uma desgraça! Palavra! Excluindo as dores que contribuíram,para a dislexia - srsrsr - também possuo uma característica menos boa...- dizem os técnicos que me diagnosticaram...que sofro de hipersensibilidade...e logo desde os 10 anos e na mesma altura também...hiperactividade - portanto,excluindo algum mimo de criança que sustento e não pretendo perder...sinto as coisas com uma maior intensidade, sim!
Mas passei por aqui para saber dessa gripe e desejar que ela o liberte depressa...nomeadamente não "se retraia no que diz ou faz":é o significado da doença - dado que o corpo fala.

E pronto! Já me desculpei
Abraço distanciado, para não me pegar...

Mariz

sofia b. disse...

Arlindo,
Os versos finais da Cibele são um achado...

sofia b.

Joana disse...

arlindo, boa noite:
só agora descobri a "Oficina dos Poetas", mas ainda a tempo...

a Cibele continua a ser uma (re)descoberta...

joana

arfemo disse...

Para a Mariz, a Mariam (bom fim-de-semana...), a Joana e Sofia deixo um pequeno aforisma de Brecht a cuja filosofia tenha sido fiel:
«Perguntaram ao senhor K. o que fazia quando tinha um amigo e este respondeu "Faço-lhe um retrato e esforço-me para que ele se lhe pareça". "Quem, o retrato?". "Não, o amigo"»
Com amizade.
arlindo