quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MEU AMIGO MANUEL




Contigo aprendi que os dias e as noites

não existem quando conversamos sobre livros

que  os livros podem ser orais ou escritos

- isso só descobrimos mais tarde -

 

Lembro-me das tuas palavras

isentando a vida do ónus do tempo

como quem diz não tenho pressa

que estou cá porque quero estar

 

de momento estás afónico e

não  sabes se um dia recuperarás a voz

eu continuarei a ler-te  em braille

no meu canto preferido da livraria

 

mesmo junto ao chapéu e bengala

sinal inequívoco da tua presença

 

arlindo mota

24 Outubro de 2013

(in memorian de Manuel Medeiros “O Velho Livreiro”)