VÊM SÔFREGOS
os peixes da madrugada
beber o
marítimo veneno das grandes travessias
trazem nas
escamas a primavera sombria do mar
largam minúsculos
cristais de areia junto à boca
e partem
quando desperto no tecido húmido dos sonhos
vem
deitar-te comigo no feno dos romances
para que a
manhã não solte o ciúme
e de novo
nos obrigue a fugir
vem
estender-te onde os dedos são aves sobre o peito
esquece os
maus momentos a falta de noticias a preguiça
ergue-te e
regressa
para olharmos
a geada dos astros deslizar nas vidraças
e os
pássaros debicarem o outono no sumo das amoras
iremos pelos
campos
à procura do
silente lume das cassiopeias
Al Berto
in Vigílias