sábado, 10 de novembro de 2012

ÁGUA-FORTE



 
 
 
ÁGUA-FORTE


Pintei o seu rosto

com a tinta que restava,

diluída,

quase se não via

a minha obra.

mas ainda brilham

os olhos que gravara,

a água-forte, na memória,

e o espelho me devolve,

a toda a hora,

a sua ausência.

arlindo pato mota

POETA DO MÊS: JOÃO RUI DE SOUSA


JAMAIS A ORDEM COMO QUEM ORDENA


jamais a ordem como quem ordena
o que intimamente jamais quer

disciplina aqui é pôr a regra
bem perto do fio que mais recorde
vontade própria  querer  mais vigilância
no caminhar sem fim onde se ergue
ilimitada esperança sem fim onde se ergue
ilimitada esperança  ou vida ou obra

existe a lei aqui mas não de pedra:
um livre rumo ao homem que se quer
em certa direcção quando navega


João Rui de Sousa

in meditação em samos

BOUTIQUE DOS RELÓGIOS PÚBLICOS: ROMA


 
Foto: apm