sábado, 18 de maio de 2013

INICIAÇÃO


                                                        foto: apm
 
o amor é como o tempo, as estações,

o ciclo e o acaso, senão a intempérie

por vezes acontece a inércia,

ou o escorrer do tempo entre os dedos,

como se os dias fossem só segundos

e os anos nos faltassem para viver.


mas a sabedoria dos astros nos ensina:

o horóscopo és tu.
 
 
arlindo mota
 
 
 

BOUTIQUE DOS RELÓGIOS PÚBLICOS: Castelo de Palmela

                                                                                            Foto: apm

sexta-feira, 3 de maio de 2013

ANTÓNIO CANTEIRO: mãe

                                                                                                          foto: apm
 
mãe



se à noite mãe!, de joelhos esmagados no chão,

 a voz e as mãos coladas no peito, eu te ouvir

rezar…se à noite, mãe!, com os dedos das mãos

abertas, asas de gaivota no ar, iguais ao céu

nublado, eu te ouvir rezar… se à noite, mãe!, a

pele das mãos, ninho cravado de rugas, teias de

silêncio, a dormir no regaço, eu te ouvir rezar…

se à noite, mãe!, à última força dos braços,

escreveres na parede, a palavra: «céu», és

andorinha que aprendeu a voar…

 

António Canteiro*

 
*Com a devida vénia. Este poema faz parte do livro “O Silêncio Solar  das Manhãs”, obra recém-galardoada com o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2013,certame criado em 1988, cujo júri integrou João Reis Ribeiro, José António Chocolate e Arlindo Mota.