sexta-feira, 27 de setembro de 2013

POETA DO MÊS: ANTÓNIO RAMOS ROSA


 
 
 
 
                                                                                                     foto: apm
 
 
ATÉ ONDE VÓS ESTAIS

 
Oh presenças amigas, ó momento

em que alongo o braço e toco em cheio os rostos

A minha língua abriu-se para dizer a face

do vento que percorre as vossas vidas.

 

Estou perante a noite mais profunda,

a delicada noite das raízes: vejo rostos

vejo os sinais e os suores das vossas vidas.

 

Atravesso árvores submersas, ruas obscuras,

poços de água verde, e vou convosco ter,

Minhas faces lívidas, mãe, amigos, amores

 

A terra que penetro é este chão de terra

com as raízes feridas, com os ferozes pulsos,

A vertente que desço é uma subida às vossas vidas

 

António Ramos Rosa (1924-2013)
   O Centro Na Distância, 1981