quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

AS OSTRAS LIMITARAM-SE A PARTIR

(Ciclo medido, desnudado,

Como as águas de um rio

Desovado)


Cravadas nas margens circulam

palavras de ordem. De resto

foi assim que tudo começou:

As ostras limitaram-se a partir;

As carreiras fluviais intensificaram-se.

Quando a minha filha nasceu,

os golfinhos secundaram o baptismo.




Entretanto, os petroleiros acostaram;

a rosa albardeira empalideceu

um pouco. O ritmo das marés

não parecia alterado.

Na outra margem, dunas de cimento

invadiram as cetárias.




Hoje – diz-se - nas águas sobreaquecidas

do rio, reapareceram sereias.





Foto e poema: apm

4 comentários:

sofia b. disse...

a bela e frágil Tróia

deu lugar a uma nova cidade (deserta com a crise?)

uma rosa albardeira (virtual)da nossa Arrábida para si, pela lembrança que a sua poesia sempre enaltece

**Viver a Alma** disse...

Salvé!

Que abençoada filha.
Que encanto de lugar...por onde passei amiúde, e também naufraguei. Porém não encontrei qualquer sereia...mas sim o meu outro olhar!
Agora vou revelar um segredo...chegue-se cá um pouquinho para ficar mais perto do seu ouvido: tenho medo do mar. Mas de tanto o amar, quando saí da minha outra casa do Monte Estoril, fui todo aquele paredão até Cascais, a despedir-me dele, pois tinha pedido aos céus para me colocar em Sintra. O curioso, é que naquela caminhada em dia cinzento, um bando de pássarinhos acompanhou-me quase até ao final daquele passeio...e eu chorava...conforme ia agradecendo todos aqueles anos em que ele esteve sempre perto de mim e contribuiu com o seu som em tantas meditações feitas de frente para a linha do horizonte.
Sabe o que aconteceu depois? arranjei "por acaso", uma casinha pequenina, bem pequenina mesmo, - já que sou magrinha, srsrs - na costa litoral e de novo o mar, a uns 700m de mim....
diga lá se o Universo não nos escuta e tudo o que nele vive...como esta água que se move e ressona á noite.

Faça lá uma pausa de 7 minutos apenas porque tenho um convite para lhe fazer...escusa de comentar, mas vá até lá e assista a algo extraordinário...sem comparação possível...apenas no "el dorado", como em tudo...infelizmente.
Depois regresse ao seu livro, mais inspirado.

Fique bem, não se deixe levar em carnavais... - arght!
Deixo o abraço do costume
Sempre...
Mariz

**Viver a Alma** disse...

Arlindo...
Só para dizer que sei que não é nada destas coisas...mas eu gosto de brincar como duma criança se tratasse - sabe disso também. Então...It's show time... nomeei-o,para os Óscares? é verdade! Vá depois lá ver...embora eu saiba que não exibe aqui.

Abraço meu
Sempre...
Mariz

**Viver a Alma** disse...

Nota: o 1ª comentário era para ouvir e comparar as 2 filarmonias.

E...quando me referi á casinha onde resido perto da orla costeira..o tal "acaso" que me esqueci de revelar...foi mesmo em Sintra...como pedido.

No 2º comentário: está lá com 2 nomes diferentes: um como seu nome e outro como do blog.
Agora adeus...escreva muito mas não queime nada...


Sempre...
Mariz