sexta-feira, 3 de maio de 2013

ANTÓNIO CANTEIRO: mãe

                                                                                                          foto: apm
 
mãe



se à noite mãe!, de joelhos esmagados no chão,

 a voz e as mãos coladas no peito, eu te ouvir

rezar…se à noite, mãe!, com os dedos das mãos

abertas, asas de gaivota no ar, iguais ao céu

nublado, eu te ouvir rezar… se à noite, mãe!, a

pele das mãos, ninho cravado de rugas, teias de

silêncio, a dormir no regaço, eu te ouvir rezar…

se à noite, mãe!, à última força dos braços,

escreveres na parede, a palavra: «céu», és

andorinha que aprendeu a voar…

 

António Canteiro*

 
*Com a devida vénia. Este poema faz parte do livro “O Silêncio Solar  das Manhãs”, obra recém-galardoada com o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2013,certame criado em 1988, cujo júri integrou João Reis Ribeiro, José António Chocolate e Arlindo Mota.

 




3 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

Muito belo e com uma força contagiante que roga declamação

Abraço aos dois

OUTONO disse...

...pleno!

Canto da Boca disse...

Teias de amor, silêncios de amor. O melhor sinônimo que encontrei para mãe, foi, amor!

(Acabei de falar com a minha e isso deixou a tarde muito mais leve!)

;))