PRECOCEMENTE, O OUTONO
Dantes tinha muitos amigos, bebíamos e cantávamos
enquanto o rio desaguava a desoras no cais da ribeira, junto às margens do teu
corpo. Não tínhamos sede, nem pressa de chegar. A vida em delta, foi-nos
separando, mas tudo parecia continuar a fazer sentido.
Agora, os amigos desse tempo abrigam-se quase todos na
memória, o céu mudou de cor e já não há mar que nos sossegue.
Quero de volta o azul e não consigo. Telefono,
escrevo, envio mails, mas sinto-me estranho na vídeo-conferência.
Levantamos
os copos – que estão vazios ou meio-cheios – numa comunhão que antes entendia
ser perfeita e sinto que já não há sagração possível. O tempo, diz a
meteorologia e a cor dos teus cabelos, mudou...
arlindo mota
foto: apm
4 comentários:
Que belo meu amigo Arlindo...A vida é assim...sei exatamente o que sentes pelo que dizes ...Vamos aos poucos vendo as cores mudar...em nós ..na vida ...em fim em tudo...já que elas vão mudar de qualquer jeito ...celebremos pois as mudanças ...a moda antiga ...um belo domingo pra te ...parabéns Pedro Pugliese
...ciclos contínuos, meu caro Arlindo...
Primeiro a eternidade era incertamente certa
uma forma de promessa
Depois veio o tempo
uma alteração inversa
em inevitável mudança
Inquieto é o verso erguido em azul esbatido
Abraço
...mas em cada ciclo haverá sempre a beleza ocre das folhas, o cheiro da terra acabada de se molhar, os amigos, mesmo os que não estão próximos...
adorei o poema
beijinhos :)
mariam
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