sábado, 6 de novembro de 2010

POETA DO MÊS: SIDÓNIO MURALHA


DOIS POEMAS DA PRAIA DA AREIA BRANCA



1

Na praia da Areia Branca
os búzios não falam só do mar:
- falam das pragas, dos clamores,
da fome dos pescadores
e dos lenços tristes a acenar.

Búzios da praia da Areia Branca:
- um dia,
haveis de falar
unicamente do mar.


2

No fundo do mar,
há barcos, tesoiros,
segredos por desvendar
e marinheiros que foram morenos ou loiros.

Ali, não são morenos nem são loiros:
- são formas breves, a descansar,
sem ambições para os tesoiros
e de cabelos verdes dos limos do mar.

Serenos, serenos, repousam os mortos,
- enquanto o mar
ensina o mundo a falar
a mesma língua em todos os portos.

(Sidónio Muralha, nasce em Lisboa em 1920 e morre em Curitiba em 1982. Foi um dos precursores do neo-realismo português com BECO (1941). Viveu um pouco por todo o mundo. Exilou-se na Bélgica e acaba reconhecido no Brasil, onde viveu as últimas décadas da sua vida, especialmenmte pelos seus livros para um público infanto-juvenil)

3 comentários:

Gisa disse...

Mar e conversas, lindos poemas.
Um bj

Rodrigo de Assis Passos disse...

amei os versos!

arfemo disse...

Para Gisa,

Sidónio Muralha, na minha modesta opinião, foi uma voz original em tempo de grandes poetas, cantando coisas simples...bj

Para Rodrigo Passos,
há nestes versos uma limpidez e uma calmaria em tempos de porcela... ab.