VÊM SÔFREGOS
os peixes da madrugada
beber o
marítimo veneno das grandes travessias
trazem nas
escamas a primavera sombria do mar
largam minúsculos
cristais de areia junto à boca
e partem
quando desperto no tecido húmido dos sonhos
vem
deitar-te comigo no feno dos romances
para que a
manhã não solte o ciúme
e de novo
nos obrigue a fugir
vem
estender-te onde os dedos são aves sobre o peito
esquece os
maus momentos a falta de noticias a preguiça
ergue-te e
regressa
para olharmos
a geada dos astros deslizar nas vidraças
e os
pássaros debicarem o outono no sumo das amoras
iremos pelos
campos
à procura do
silente lume das cassiopeias
Al Berto
in Vigílias
6 comentários:
Um poeta maior!
Belíssimas escolhas.
Beijinhos :)
mariam
... e saudades de por aqui pass(e)ar :)
mariam
...a SEDA DAS PALAVRAS e a sede de as ler...
Grato!
Mais um grande que, na nossa invejosa pequenez, é ainda insuficientemente divulgado
Abraço
Queridos companheiros de viagem, bom que vieram. De facto verdadeiramente só tive o prazer de conviver com o Alberto Pidwell (verdadeiro nome do poeta). O Al Berto só apareceu depois e eu pouco contactei com ele (tinha-se mudado para Lisboa, onde havia de alcançar o reconhecimento dos pares e ser vítima de uma doença, nova, traiçoeira que o impediu de ser um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos).
Mas os meus amigos estavam atentos e ainda o reconhecem como um dos grandes. Bem Hajam!
arlindo m.
Um poema que é um desbravar dos caminhos da vida pelos trilhos da natureza,telúrico e onírico.
Juvenal Nunes
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