terça-feira, 25 de junho de 2013

POETA DO MÊS: AL BERTO



VÊM SÔFREGOS os peixes da madrugada

beber o marítimo veneno das grandes travessias

trazem nas escamas a primavera sombria do mar

largam minúsculos cristais de areia junto à boca

e partem quando desperto no tecido húmido dos sonhos

 

vem deitar-te comigo no feno dos romances

para que a manhã não solte o ciúme

e de novo nos obrigue a fugir

vem estender-te onde os dedos são aves sobre o peito

esquece os maus momentos a falta de noticias a preguiça

ergue-te e regressa

para olharmos a geada dos astros deslizar nas vidraças

e os pássaros debicarem o outono no sumo das amoras

 

iremos pelos campos

à procura do silente lume das cassiopeias
 
Al Berto

 

in Vigílias


6 comentários:

mariam [Maria Martins] disse...

Um poeta maior!
Belíssimas escolhas.

Beijinhos :)
mariam

mariam [Maria Martins] disse...

... e saudades de por aqui pass(e)ar :)

mariam

OUTONO disse...

...a SEDA DAS PALAVRAS e a sede de as ler...
Grato!

Filipe Campos Melo disse...

Mais um grande que, na nossa invejosa pequenez, é ainda insuficientemente divulgado

Abraço

arfemo disse...


Queridos companheiros de viagem, bom que vieram. De facto verdadeiramente só tive o prazer de conviver com o Alberto Pidwell (verdadeiro nome do poeta). O Al Berto só apareceu depois e eu pouco contactei com ele (tinha-se mudado para Lisboa, onde havia de alcançar o reconhecimento dos pares e ser vítima de uma doença, nova, traiçoeira que o impediu de ser um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos).
Mas os meus amigos estavam atentos e ainda o reconhecem como um dos grandes. Bem Hajam!
arlindo m.

Juvenal Nunes disse...


Um poema que é um desbravar dos caminhos da vida pelos trilhos da natureza,telúrico e onírico.

Juvenal Nunes