sexta-feira, 22 de julho de 2011

O SEGREDO DAS PALAVRAS
































O sonho, Cibele, é uma taça, uma flor ignota, um desejo imenso que persiste,

mesmo se a dor ao colhê-lo o ignore. Cativo, neste lugar, perco a exacta noção do ser e do não ser,

do tudo ou do nada,

(se é que o todo pode estar circunscrito à palavra…)

Procurarás as estrelas, que iluminarão o caminho. Se solitário, a luz é mais intensa.

Despojada de tudo, encontrarás o segredo das palavras: ternura, amor, ou apenas sede

e um sereno gesto a partilhar

na colheita de uma rosa brava.


Arlindo Mota Foto: apm

4 comentários:

Canto da Boca disse...

(tenho cá para mim que há uma intencionalidade sartreana (?) no poema... perder-se, encontrar-se, ser o tudo, o mundo inteiro, e ainda assim, ser - quase – nada. Apenas palavras a descrever o indescritível...)

arfemo disse...

...grato pela leitura interpretativa que denota vasta cultura filosófica. quando as palavras suscitam ao agregar-se alguma luz ela advém mais da emoção que da razão, por isso o autor é sempre um mau crítico fo que escreve...

Canto da Boca disse...

Talvez tenhas razão, Arlindo, quanto ao autor do texto ser um "mau crítico", justamente pelo envolvimento com o escrito (não creio em ausência de sentimentos quando se escreve), por isso eu acredito que as palavras até tentam descrever, tentam, mas há tanta emoção envolta...
Deixa eu te contar, sempre aprendo aqui, sempre aprendo muito aqui contigo. Obrigada!

;)

arfemo disse...

grato pelo elogio da interacção que pretende ser uma despretenciosa característica do blogue. como Francisco de Assis cada vez mais encontro pelas pequenas coisas ou gestos uma curiosidade reconfortante. e assim vamos aprendendo, uns com os outros
:)