foto: apm
ANTES QUE O RIO ESQUEÇA...
«Olhar atentamente a civilização que nos deixaram.
Dantes podíamos virar costas à terra com a certeza de que as eiras estavam cheias de grão. Hoje apenas podemos sonhar com as eiras que não veremos nunca.
Mas as máquinas vieram para talhar a cidade que vem e o falso ouro contaminou a terra.
Tentaremos esquecer a morte que se insinua em permanência e que de tão presente já não sentimos o cheiro. Refina a morte das aves, esquece-se a vida dos peixes, morrem as árvores, degrada-se a vida dos homens.
Na memória doem os sinais dos bosques ceifados, as dunas arrasadas e algumas casas abandonadas. A memória é hoje uma ferida que lateja ao fundo da insónia.
Escavemos o chão, procuraremos essas raízes em pedra cinzelada, objectos da vida simples de outros povos. Preciosas navegações, procuraremos a velha dança à roda do mastro. Olhamos as nossas minúsculas embarcações, semelhantes a beijos que nos percorrem de felicidade.
Olhamos o mar, o espaço desses navios negros que nos escondem a linha do horizonte. No coração nada secou, nem possuímos o desastre dentro dos sonhos. A vida preciosa de vivíssimas memórias.
Com este corpo frágil e magoado, procuramos preservar a nossa memória colectiva da voragem do tempo e do abandono dos homens.»
Prosa poética de um dos grandes poetas portugueses,Alberto Pidwel (Al Berto) para um video sobre Arqueologia Naval da Margem Sul, escrito em 1985, transcrito e sob responsabilidade de arlindo pato mota, companheiro e admirador do poeta.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
sábado, 17 de julho de 2010
segunda-feira, 12 de julho de 2010
NEGRO EM CONTRASTE AO AZUL AVERMELHADO
entrou como uma nuvem,
pássaro negro,
fazia contraste no azul avermelhado do céu,
o cheiro de campo inundou o dia,
vinha na frente, como se fosse um suspiro do céu.
sua alegria entrou pela cozinha,
trouxe apenas o próprio ar
e o som do mundo começando...
numa caligrafia refinada,
o pensamento liberta-se da mente
e faz o papel implorar...
por maior que fosse a distância
entre o desejo e a alma,
vem suave e desce na cabeça,
faz contraste na mente branca.
...até agora a pouco não tinha nem luar.
volta num vôo,
apaga as luzes do mundo
e onde não havia nada
crescem estrelas no solo da noite...
Vania Lopez
(ainda um poema sobre "pássaros" de uma inspirada poetisa brasileira que já tem colaboração neste sítio)
foto: apm
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Devo confessar que sou o contrário, meus passos seguem em contrário.
Sou uma pessoa inquieta, vou onde meu vento me leva. Artista Plástica e escritora, as vezes sem saber se pintoraqueescreve ou escritoraquepinta...
terça-feira, 6 de julho de 2010
POEMA AVE
Vens querida ave mapear o céu!
Com a brisa estonteia teu canto
Em brancas nuvens deposita o encanto
E vive assim pelo mundo ao léu!...
No solstício abraças a bela madrugada
Ave poema que no sonho já pousa
E no alvo ventre no céu repousa
Sentindo-se por todos tão amada!
E quando sente a fome de amar
Voa altiva pelas ondas do mar
Buscando o cinza dos olhos sinceros
Avezinha que a todos acalma
Tens nas penas o manto da alma
Como um poema ave, tens da poesia o eterno!
LEDALGE
"Com inspiração no ... poema "Teu Corpo Ave Cinzenta" de Arlindo Mota (Ledalge)"
foto: arlindo pato mota
Sou uma mulher que respira poesia; que a mantém viva dentro de si dia após dia. Sou uma sonhadora, que busca nas vielas do sonho, os contornos da vida. Essa sou eu: NÚRIA CARLA, A LEDALGE.
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