Livres, as mãos tonificadas pelo frio e o
orvalho, colhem o entusiasmo das pétalas em
flor, enquanto, por entre o casario
tingido cor de fogo, as cegonhas vão
erguendo, pacientemente, a sua
arquitectura volátil.
Não muito longe, onde o mar açoitara
violentamente a praia, conta-se que, no
ventre pleno de uma vaga, aparecera, esguia
e alada, uma sereia, cujo canto ecoa,
sibilino, às horas mansas do fim da tarde,
inundando de um perfume inebriante e
bravio, o verde dos arrozais.
É meridional, Cibele, a memória, a dolência
da cor, o odor a rosmaninho, a trignometria
imperiosa dos sentidos.
Foto e poema: apm
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
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