sábado, 1 de dezembro de 2012
QUANDO EU ME FOR EMBORA
QUANDO EU ME FOR EMBORA
Quando eu me for embora, levarei comigo
a madrugada e de meu pai, suas mãos rudes,
com que moldava, a golpes incisivos, um tronco
frágil
insubmisso, sempre em sentido vertical.
De minha mãe, não esqueço, a ternura que mandava, disfarçada,
por entre o pão suado e a manteiga. Assim cresci.
Quando eu me for embora, também não esquecerei, os luares
que percorri, envolto em ti, sem precisar de
leito. Assim cresci.
Mais tarde, pouco mais, hei-de lembrar-me daquilo que não fiz.
Mas quando eu me for embora, é porque morri, cá dentro,
por não saber cuidar de ti, amor-perfeito.
Arlindo Mota
Foto: apm
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8 comentários:
Belo! Muito.
Beijinhos :)
mariam
...escasso e translúcido, o tempo não podia servir de desculpa para manter o silêncio total: obrigado mariam por esta já longa caminhada em sentido paralelo e confluente na admiração recíproca.
bjs:)
arlindo m.
Um dos melhores poemas da seda das palavras; mais UM DOS MAIS BELOS POEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA PUBLICADOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS!Disse.
Bjs
joabreu
...a amizade superando o espírito crítico...graças joabreu
bjs
arlindo m.
"Quando eu me for embora" gostava que alguém me escrevesse um poema assim!
bjins :)
arlindo m.
quanto tempo...aguardo por novas criações, já!
bjs
Lembro-me bem de ter lido este poema pela primeira vrz... e agora, relendo-o, o que recordo do que senti, daria outro poema, se as minhas mãos quisessem...
Bem-vinda Teresa!
O que as mãos fariam seria decerto na exacta medida do talento da autora...
foi um prazer :)
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