(Para os companheiros do Luso-Poemas neste Natal 2009)
Dispensava o autocarro e ia na companhia do seu aluno que, de tanto o dizer, o queria ser. E ele condescendia, que sim, que sim senhor, um dia haveria de ser. E assim foi, que era um homem de palavra…e esta rara nele, que não gostava de se ver retratado na rádio ou na imprensa. Assim nasceu a sua primeira grande entrevista dado a um “miúdo” ao grande jornal da época das Artes e das Letras. Boa a entrevista? Podia lá ser, quanta ingenuidade havia naquela tenra idade…mas ele não se importou e com o carinho só prodigalizado a quem gostava, ajeitava a linguagem e falava como se à sua frente estivesse alguém à sua altura. Hoje, mais perto do Natal, fui-lhe tomar emprestado – porque sei que ele mo dava!... – um poema (excerto) com que me identificava, com a saudade imensa do melhor professor que alguma vez tive e do poeta e amigo que pouco fiz por merecer.
arlindo pato mota
UMA QUALQUER PESSOA
Precisava de dar qualquer coisa a uma qualquer pessoa.
Uma qualquer pessoa que a recebesse
num jeito de tão sonâmbulo gosto
como se um grão de luz lhe percorresse
com um dedo tímido o oval do rosto.
Uma qualquer pessoa de quem me aproximasse
e em silêncio dissesse: é para si.
E uma qualquer pessoa, como um luar, nascesse,
e, sem sorrir, sorrisse,
e, sem tremer, tremesse,
tudo num jeito de tão sonâmbulo gosto
como se um grão de luz lhe percorresse
com um dedo tímido o oval do rosto. (…)
ANTÓNIO GEDEÃO
(Publicado por Arfemo em 20 de Dezembro de 2009)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
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1 comentário:
I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^
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