tag: quase pueril...
PAI, PARA QUE QUE QUERIAS QUE EU FOSSE MAIS FELIZ?
Quando no duro empedrado de basalto inventávamos campos da bola onde disputávamos campeonatos intensos e eu aparecia todo esfolado mas não doía, tu ralhavas mas eu era feliz,
Quando a menina Júlia, que regressava de táxi todas as manhãs, ao sair do carro deixava entrever um pouco mais da branca pele por sob o rodado da saia, eu também não te dizia que estava lá à sua espera,
Da nossa vizinha, do andar de baixo, essa sabias, que me oferecia livros de que fiquei amigo para toda a vida: O "Sandokan" do Salgari, mas também o Júlio Dinis e Os meus Amores do Trindade Coelho, e tantos outros, de que jamais me desfiz,
Também te não falei da minha primeira namorada, que acompanhava à saída da escola todas as tardes, subindo as centenas de degraus, quase até sua casa, de mão dada, e de uma flor que, por timidez, nunca lhe dei,
Quando decidiste – eu crescera – mudar para um bairro novo de prédios grandes (mesmo que para isso labutasses noite e dia), onde se não podia jogar na rua e eu não conhecia ninguém, também não te disse como tanto gostava do bairro que acabara de deixar…
Pai, para que querias que eu fosse ainda mais feliz?
arlindo mota
foto: apm
2 comentários:
É querido amigo bela verdade cada um de nós sabe qual a intensidade da nossa felicidade e exatamente onde ela esta ...viver sonhos de outros nos faz infelizes...pois esquecemos dos nossos ...um belo domingo Pedro Pugliese
A memória dos dias felizes
Belo e tocante
Abraço
Enviar um comentário