domingo, 20 de novembro de 2011

ATÉ QUANDO?


Os filhos da urbe, apartam-nos; os lares que constroem para eles são verdadeiras estalagens para a derradeira vagem, sem açúcar, sem afecto; a sua reforma é inferior, na maior parte dos casos, ao valor das roupas de marca que os seus netos usam; o preço dos medicamentos que lhes prolongam a vida está pela hora da morte…

Resta-lhes, como na alegoria de Elio Vitorini, seguir o trilho dos elefantes, que se apartam da manada, quando sentem que a sua utilidade chegou ao fim, dirigindo-se para norte, gigantesco cemitério de elefantes: “Consideram-se mortos e morrem”, desistem de viver. Para quando a devolução da dignidade perdida dos mais velhos; até quando estes atravessarão o presente, desculpando-se de não ter ido mais longe”, nas palavras de Brel, e se sujeitam à tirania dos que esperam o seu sono tranquilo e infinito?


arlindo mota

foto: apm

3 comentários:

Joana disse...

Infelizmente este "país não está para velhos...". belo texto sobre um tema impiedosamente ocidental. ab, Joana

OUTONO disse...

..."desistem de viver"...

Brilhante texto!

arfemo disse...

Não, Joana, não está...e, infelizmente tb começa a não estar para os mais novos. ab.arlindo

Caro "Outono", sempre atento e amigo. Obrigado por ir dando uma vista de olhos por este cantinho que mantenho num profundo momento de stres profissional. ab. arlindo