quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DOMINGOS DA MOTA: Bolsa de Valores


Pormenor de um quadro de Paulo Themudo

BOLSA DE VALORES

Há quem faça passar gato por lebre

e por anho ou cabrito muito cão

e se afirme credor mesmo se deve

e perjure que sim perante o não


Há quem fale em fartura quando a fome

e a sede sufocam as gargantas

e convoque o verniz do sobrenome

pra atestar o que diz até às tantas


Há quem venda ilusões como certezas

e corrompa e aguce a cupidez

e no meio de tais subtilezas

presuma branquear mais uma vez


que a bolsa de valores, em substância,

retrata o poder e a ganância


(Domingos da Mota publicou recentemente, na editora Temas Originais, de Coimbra, o livro que toma por título o nome deste poema. A sua obra ergue-se ancorada na tradição da melhor poesia portuguesa, que reescreve de uma forma própria, original, mostrando-se atenta à realidade nas suas diversas perspectivas. É, por isso, um livro que a Seda das Palavras recomenda vivamente.)

3 comentários:

DM disse...

Caro Arlindo Mota,

Sinto-me honrado com a publicação do poema neste seu blogue, com a divulgação do meu livro que foi editado pela Temas Originais, de Coimbra.
Obrigado.

DM

DM disse...

Adenda: a imagem que acompanha o poema, Bolsa de Valores (retirada da capa do livro) é um pormenor de um quadro de Paulo Themudo.

DM

arfemo disse...

Caro Domingos da Mota,
...foi reditado o original dando corpo às justificadas observações. O espírito mantém-se o mesmo: o prazer de o ler!

arlindo m.